Grito dos Excluídos alcança 24ª edição em 2018 com mensagem de luta contra violência no país
- Letícia Maria, Giulia Marini, Victor Augusto
- 6 de set. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 22 de fev. de 2021
O movimento aborda como tema deste ano “Desigualdade gera violência: BASTA DE PRIVILÉGIOS”

O lema de 2018 é "Desigualdade gera violência: BASTA DE PRIVILÉGIOS!" - Foto: Divulgação
“Independência ou morte!” Foi assim que D. Pedro I proclamou a independência às margens do Rio Ipiranga em São Paulo no dia 7 de setembro de 1822. Essa data foi escolhida pelo movimento social nacional chamado Grito dos Excluídos com o intuito de sair às ruas para lutar pelos direitos dos brasileiros.
A proposta do Grito dos/as Excluídos/as surgiu em uma reunião das Pastorais Sociais, em outubro de 1994, quando se avaliava o processo da 2ª Semana Social promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com o tema “Brasil, Alternativas e Protagonistas”.
E foi assim, um ano depois de sua criação, que aconteceu a primeira manifestação. De forma lúdica, contou com mais de 170 localidades e levou como tema o que prevalece até os dias atuais: “A Vida em Primeiro Lugar”. A primeira Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras ocorreu em 1988 mas, sete anos depois, passou a fazer manifestações em conjunto com o Grito, por iniciativa da Pastoral Operária e do Serviço Pastoral dos Imigrantes (voltado para os trabalhadores empregados, desempregados e voluntários).
A partir de 1996, o movimento foi assumido pela CNBB, que o aprovou em uma assembleia geral como parte do Projeto Rumo ao Novo Milênio (PRNM). O Grito é promovido pelas Pastorais Sociais, mas desde o início conta com vários parceiros ligados às demais igrejas, movimentos sociais, entidades e organizações.
Mas o que é o movimento em si? É um espaço de animação e profecia, sempre aberto e plural, comprometido com as causas dos excluídos pelo sistema. A organização não tem um “dono” específico, e é um canal para que os "gritos" sufocados venham a público.
Como tema deste ano “Desigualdade gera violência: BASTA DE PRIVILÉGIOS!”, a 24ª edição tem 23 estados envolvidos com a causa e um incontável público gritando nas ruas. Além disso, haverá também a 31ª Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras, como de costume lado a lado com o Grito.

Bruna Silva grita sua luta na coletiva de imprensa do Grito dos Excluídos de 2018 - Foto: Divulgação/Grito dos Excluídos
A Secretaria Nacional do Grito dos Excluídos está localizada em São Paulo no bairro do Ipiranga. Como preparação do evento deste ano, o grupo de comunicação organizou uma coletiva de imprensa na semana que antecede o dia 7. A coletiva contou com a presença de alguns convidados, como por exemplo Bruna Silva, mãe que perdeu o filho Marcus Vinícius que estava à caminho da escola, durante uma ocupação da polícia civil do Rio de Janeiro na favela da Maré em junho deste ano.
Após a coletiva, começa a divulgação para o 24º Grito. Os assessores voluntários disparam releases convidando veículos de comunicação interessados para cobrir o evento. Fora isso, o movimento têm dois jornais por ano com notícias relacionadas aos acontecimentos do Brasil.
A jornalista e componente da Secretaria do Grito, Ana Valim, explica que, para compor os jornais, as pessoas mandam notícias via E-mail e Facebook, além do site oficial que ajuda a divulgar as ações. “É assim que as coisas chegam, inclusive, para pedir material e falar sobre rodas de conversa em outros lugares, mas também podem chegar por cartas, às vezes até por correio”, conta.
O Grito dos Excluídos não muda só a vida de quem vai para as ruas exigir os direitos, já que os voluntários também se envolvem com o projeto. Para a advogada Karina Pereira, que participa na Secretaria do Grito há 15 anos, na verdade, o movimento complementou a vida dela. “Eu venho de uma formação pastoral de comunidades de base na zona leste de São Paulo. Trabalhei com o Consulado da Juventude do Meio Popular em Guaianazes por mais de 20 anos. Lá eu conhecia algumas pessoas que contribuíram aqui na secretaria, e foi quando nos aproximamos.”
Segundo os organizadores e simpatizantes envolvidos todos os anos com o Grito, tais propostas deixaram de ser apenas reivindicações. A grosso modo, cada ano ele ecoa situações atuais do país e, apesar de ser concentrado apenas no dia 7 de setembro, a luta deve ocorrer o ano inteiro. A vida em primeiro lugar sempre.
Publicado inicialmente no Rudge Ramos Online
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