Bicicross inspira atletas de São Bernardo a irem para Olimpíadas de 2020

O esporte agora é modalidade olímpica e cidade disponibiliza pista para treino

Reginaldo (segunda colocação) e Caio (terceira) no Campeonato Brasileiro de BMX Vertical Profissional 2016 em São Bernardo - Foto: Arquivo Pessoal

O esporte radical com bicicleta, BMX, é uma das novas modalidades olímpicas a partir da Olimpíada de Tóquio em 2020. Conhecido também como bicicross, envolve corridas e manobras feitas com bicicletas adaptadas em pistas. O objetivo é completar o tempo de prova ou realizar exercícios de grande complexidade.

A inserção do esporte nas Olimpíadas foi firmada após a parceria do Comitê Olímpico com o Festival International des Sports Extrêmes (FISE), que é o organizador do mais importante Campeonato Mundial de Esportes Radicais. Quem tem interesse em ser atleta olímpico precisa acumular pontos a partir da última etapa do Circuito Mundial no fim desse ano, na cidade de Chengdu, na China. Depois disso, a contagem prosseguirá até 12 de maio de 2020. Os pontos são para que o próprio país seja classificado e, depois, o atleta tente entrar na competição.

Essa novidade serviu de inspiração para que o primeiro Centro de Treinamento (CT) de BMX fosse inaugurado no Complexo de Formação Esportiva, em São Bernardo. Isso se concretizou no mês de agosto e se deu, principalmente, graças à insistência de praticantes do esporte.

Entre as pessoas por trás dessa conquista estão os atletas Caio de Oliveira Sousa, 25, e Reginaldo Pedro da Silva, 37, responsáveis pela configuração da pista no CT. Conhecidos, respectivamente, como "Caio Rabisco” e "Reginaldo BMX”, ambos são apaixonados pelo esporte e já participaram de diversos campeonatos no Brasil e exterior.

Caio, por exemplo, esteve em setembro na Espanha, quando representou o país no Campeonato Mundial do Circuito Vans BMX Pro Cup 2018 RedBull. Ele foi finalista, junto com mais três sãobernardenses, entre competidores de outras nacionalidades. Para Rabisco, que pratica o esporte desde 2008, o país é uma grande potência, mas sofre devido ao pouco investimento. Ainda assim, o número de competidores no exterior é cada vez maior. “Temos vários atletas que viajam frequentemente para levar o nome do Brasil, as experiências e também mostrar um pouco mais do que vivemos aqui, com a evolução de novas pistas, espaços e novos atletas. Onde tiver BMX, a nossa bandeira vai estar junto.”

O esportista usará o Centro de Treinamento de São Bernardo como instrumento para virar atleta olímpico. "Infelizmente, eu não estarei presente [em Chengdu] porque estou com lesão no pé. Mas, a partir do ano que vem, farei meu melhor para poder juntar o maior número de pontos para o Brasil"; e lembra que não será apenas ele, até porque o esporte olímpico abriu muitas portas aos BMXers.

Praticante de BMX desde a infância, Reginaldo competiu pela primeira vez em 1998. Foi apenas o início da paixão e dedicação ao esporte. Passou por lugares como Inglaterra, México e Alemanha. Além disso, gravou comerciais de TV, participou de programas e shows de televisão. Ainda na Inglaterra, em 2012, trabalhou em Londres, durante as Olimpíadas desse mesmo ano, fazendo workshops de BMX nas escolas e dando aulas nas pistas de lá. Em São Bernardo, há 11 anos ele é monitor na pista da cidade no Parque da Juventude.

O Centro de Treinamento abriga também a equipe de BMX de São Bernardo, onde os atletas contam com estrutura para treinos, viagens, fisioterapia e atendimento médico esportivo. Segundo a Prefeitura, o local poderá ser utilizado também para a prática de outros esportes, como patins e skate, permitindo a realização de competições oficiais. Na próxima semana, a secretaria de Esporte e Lazer divulgará uma grade com os horários em que cada modalidade poderá utilizar a pista, o regulamento do uso do espaço com normas de segurança e o horário das aulas para iniciantes.

Publicado inicialmente no Rudge Ramos Online