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Projeto sem fins lucrativos de futebol feminino inspira mulheres do ABC

  • Foto do escritor: Letícia Maria
    Letícia Maria
  • 23 de mai. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 22 de fev. de 2021


Cenário no país traz esperança para jogadoras apaixonadas pelo esporte

A Academia de Futebol Feminino foi fundada em 2015 e hoje, com mais de 200 participantes, tem parceria da Secretaria de Esporte de São Bernardo e marcas de ramo - Foto: Divulgação/ACAFF

Futebol de várzea, peladas, categorias de base, escolinhas de futebol... Mudanças e evoluções que impactaram o esporte em relação à formação de seus atletas tanto na modalidade masculina, quanto na feminina. “Uma coisa que eu notei é que algumas gerações de mulheres que hoje são adultas, não tiveram chance de iniciar na base. Digo isso em maioria”, reflete Nayara Perone. Ela é diretora de arte e uma das fundadoras do Projeto #JogaMiga que disponibiliza treinos da modalidade divididos na parte física, técnica e coletiva. Sem fins lucrativos e com valor mensal de R$50,00 para suportes gerais, o Projeto tem filiais na capital de São Paulo, em Franco da Rocha e no Belém do Pará, a fim de expandir os valores e objetivos iniciais, e não tem limite de idade.

No ABC, a Academia de Futebol Feminino (ACAFF) atende sete categorias (sub nove, 11, 13, 15, 17, 20 e adulta) e está localizada no Baeta Neves, em São Bernardo. É também um projeto sem fins lucrativos que visa dar aulas como forma de lazer para meninas e mulheres, com trabalhos específicos para cada categoria.

Segundo o coordenador da ACAFF, Isaque Guimarães, o projeto surgiu da necessidade de criar um ambiente para quem deseja aprender os fundamentos básicos do esporte, com um lugar exclusivo ao público feminino. Para ele, são as conquistas individuais de cada participante que realmente valem dentro da história da Academia. “Hoje temos sete atletas no Centro Olímpico e uma no Juventus da Mooca. Sem contar as que saem do Brasil para realizar sonhos na liga de futebol feminino dos Estados Unidos (Women's Professional Soccer) e outras mais novas conseguindo bolsas de estudo em colégios particulares através do futebol”.

A estudante de arquitetura Júlia Moni, 23, entrou na ACAFF há quatro anos e, hoje, ajuda na parte de mídias sociais do Projeto, enquanto concilia com a mais nova carreira de jogadora profissional no Clube do Juventus. “Eu nunca treinei igual eu treinava na ACAFF. Na verdade eu jogava por hobby”. Júlia treinou em uma escolinha de futebol quando tinha 12 anos. Em virtude de comportamentos preconceituosos e não inclusivos, como a ausência de um vestiário feminino, os pais decidiram tirá-la desse meio.

“Conheci o Isaque quando entrei na ACAFF em 2016 e ele acabou confiando e tendo a fé em mim que eu não tinha. Minhas colegas também me apoiaram muito e acabei me tornando parte daquilo literalmente. Somos uma grande família”. Mais mudanças aconteceram na vida da atleta quando, no ano passado, decidiu passar por uma peneira no Juventus. Quando foi aceita, recebeu o apoio dos pais e decidiu viver disso.

A ACAFF é uma das mais de 80 escolas em todo o Brasil que compõe o mapa no site do #JogaMiga, criado pela grande demanda de mulheres em busca de turmas próximas ou outros locais com aulas disponíveis. “Nós conseguimos reunir mulheres que querem jogar (mas não sabem onde) e qualquer pessoa que tenha um projeto de futebol feminino. Deixamos aberto para qualquer tipo de projeto, seja um clube formador, um lugar mais profissional ou até um jogo no final de semana com as amigas, por exemplo”, como explica a fundadora Nayara. Pequenos processos estão quebrando barreiras para que as mulheres mostrem, mais uma vez, que o lugar delas é onde elas quiserem.

VISIBILIDADE

Este ano, a Copa do Mundo de Futebol Feminino ocorre a partir do dia sete de junho na França, com estreia da Seleção Brasileira no dia nove contra o Peru. Uma novidade é a transmissão dos jogos na televisão aberta pela primeira vez. Além disso, fãs e torcedores podem adquirir a terceira edição do álbum de figurinhas colecionáveis nas bancas de todo o país.

Eventos e produtos como esses abrem espaço para preconceitos. Notícias da grande mídia sobre o lançamento do álbum estão acompanhadas de comentários nas redes-sociais de cunho machista, sexista e muitas vezes pejorativos, como "Se vender cinco exemplares será muito" e "Eu compraria se estivessem de biquíni". Para quem trabalha na área, isso não é surpresa. “O futebol feminino está crescendo. Pode não ter o tanto de apoio que queremos e preconceito sempre vai ter, mas estamos firmes e fortes na luta todos os dias”, é o que refletiu a jogadora Júlia Moni.

Ainda assim, interesses de patrocinadores estão favoráveis, e as responsáveis pelo #JogaMiga já perceberam isso. Neste mês, fecharam parceria com uma marca famosa de refrigerante nacional e outra de camisetas de Curitiba, como conta a administradora e fundadora do Projeto, Nathália Santiago. “Agora com a Copa do Mundo, muitas marcas e a própria imprensa começaram a olhar para os projetos de futebol feminino. São coisas pontuais que nos dará uma moral e força para continuar levando o esporte para o maior número de mulheres possível”.

Para a co-fundadora do #JogaMiga, Nayara Perone, a movimentação das empresas e da mídia serão ótimas para o avanço da modalidade, e completa: "não existe gênero para o futebol, existe vontade. É um esporte incrível que traz muitas coisas boas, tanto para a saúde, como para a mente, quanto para a sociabilidade”.

Publicado inicialmente no Rudge Ramos Online

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